Operação Falso Profeta III: PCDF cumpre mandados no DF e em mais seis estados


A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por intermédio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DRACO/DECOR), deflagrou, na manhã desta quinta-feira (30), a terceira fase da Operação “FALSO PROFETA”, com objetivo de combater organização criminosa especializada na prática de Estelionatos por meio de redes sociais (Fraude Eletrônica), induzindo as vítimas a investirem quantias em dinheiro com a promessa de recebimento futuro de quantias milionárias. 

 Na ação de hoje, foram cumpridos 16 Mandados de Busca e Apreensão (MBAs) no DF e em outros seis estados - Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. Até o momento, foram apreendidos diversos documentos, eletrônicos (celulares, computadores, etc.), papéis-moedas fictícios usados para enganar as vitimas, falsos titulos financeiros e falsos contratos.

 Também são cumpridas medidas cautelares de bloqueio de valores, bloqueio de redes sociais e decisão judicial de proibição de utilização de redes sociais e mídias digitais. Não houve prisões.




 A FRAUDE O golpe consiste na conversa enganosa através de redes sociais (Youtube, Telegram, Instagram, Whatsapp, etc.), abusando da fé alheia, da crença religiosa e de uma teoria conspiratória apelidada de “Nesara Gesara”, para convencer as vítimas, em sua grande maioria evangélicas, a investirem suas economias em falsas operações financeiras ou falsos projetos de ações humanitárias, com promessa de retorno financeiro imediato e rentabilidade estratosférica. 

 Assim, por exemplo, somente com um depósito (“aporte”) de R$25,00 (vinte e cinco reais), as pessoas poderiam receber de volta nas “operações” (falso investimento) o valor de “um octilhão de reais”, ou mesmo investir R$2.000,00 (dois mil reais) para ganhar “350 bilhões de centilhões de euros”.

 A investigação aponta que os suspeitos formam uma rede criminosa organizada, estruturalmente ordenada, hierarquizada e caracterizada pela divisão de tarefas, responsável pelo cometimento de diversos outros crimes como Falsidade Ideológica, Lavagem de Dinheiro e Sonegação Fiscal, com o fim de obter vantagem econômica em prejuízo de milhares de vítimas no Brasil e no exterior.

 O golpe pode ser considerado um dos maiores já investigados no Brasil, uma vez que foram constatadas, como vítimas, pessoas de diversas camadas sociais e localizadas em quase todas as unidades da federação, estimando-se mais de 50.000 (cinquenta mil) vítimas. 

De acordo com a investigação, iniciada há mais de dois anos, o grupo é composto por cerca de 200 integrantes, incluindo dezenas de lideranças evangélicas intitulados (falsos) pastores, que induzem e mantêm em erro as vítimas (fiéis) para acreditar no discurso de que são pessoas escolhidas por Deus para receber a “Benção” (dinheiro). 

Na operação de hoje, cinco líderes religiosos também foram alvos, além de advogado(s) e digital influencers. Como instrumento da fraude, os investigados também constituem pessoas jurídicas “fantasmas” e de fachada, simulando ser instituições financeiras digitais (falsos bancos), com alto capital social declarado, através das quais as vítimas supostamente irão receber suas fortunas.

 E, para dar aparência de veracidade e legalidade às operações financeiras, os investigados ainda celebram contratos com as vítimas, ideologicamente falsos, com promessas de liberação de quantias surreais provenientes de inexistentes títulos de investimento. 

 Os investigados também coletam todos os dados pessoais e bancários das vítimas, que são obrigadas a preencherem formulários para receber a sonhada “fortuna”, fornecendo um farto banco de dados que podem ser usados pelos suspeitos para prática de outros crimes. 

A investigação também apontou movimentação superior a R$160.000.000,00 (cento e sessenta milhões de reais), desde 2019 até os dias atuais, bem como foram identificadas cerca de 40 empresas “fantasmas” e de fachada, e mais de 800 contas bancárias suspeitas. Ao longo de toda a investigação, quatro pessoas já foram presas preventivamente e condenadas por crimes de estelionato. Porém, mesmo após ampla repercussão, o grupo continuou a aplicar golpes.

 Participaram da ação de hoje cerca de 90 policiais. A Operação ainda contou com o apoio das Polícias Civis dos estados de Goiás, Minas Gerais, Pará, Paraná, Santa Catarina e São Paulo. 

Os alvos poderão responder, a depender de sua participação no esquema, pelo cometimento dos delitos de estelionato, falsificação de documentos, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

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